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The life of a teenage matador, once billed as the youngest in the world, was in the balance yesterday after he was badly gored by a bull in Mexico.
[...]
“It was a very deep goring that penetrated his thorax,” said Carlos Hernández, a medical official linked to the bullfight’s organisers. “The horn penetrated his lung and passed very close to his heart.”
[...]
On Sunday Jairo was attempting to execute a “cape pass” while kneeling on the ground, trying to make the bull veer away at the final moment. The risky manoeuvre, caught on camera, went horribly wrong.
The bull’s horn pierced his chest, opening a 3in (8cm) gash and carrying him through the air for more than 10ft.
The Times, via Attuworld.
22 comentários:
JLP, és contra as touradas? Tem piada, pois eu ando a querer fazer passar uma moção no MLS no sentido da sua proibição. A opinião não é no entanto consensual.
Ou será apenas uma rivalidade nortenha, pelo facto das touradas serem uma tradição do sul?
Sou contra.
O que não inviabiliza que ache (por mais que me custe e depois de longa reflexão) que não devem ser proibídas, nomeadamente no que se refere a animais que sejam propriedade privada, em locais privados. Ou que não tenha achado que, em termos de Estado de Direito, toda a situação que aconteceu em Barrancos tenha sido uma farsa que mais uma vez o veio descredibilzar.
Acho que, de um ponto de vista liberal, não faz sentido a defesa legal dos direitos dos animais, pelo menos os que sejam propriedade privada de alguém.
Como tal, limito-me a "opinar com a carteira". Não consumo (por mais que até me cativem) produtos de Barrancos, e se me caisse nas mãos a possibilidade de contratar ou não alguém vindo de locais onde matam touros, seria liminarmente rejeitado.
Além de que, de uma perspectiva de "partido liberal", defenderia que o estado alienasse todas as praças de touros públicas, bem como que eliminasse quaisquer incentivos ou transferência de fundos para tudo o que com elas tivesse a ver (nomeadamente obras em recintos, promoção turística...).
Não sendo grande apreciador de touradas, sou ainda menos apreciador de pulmões humanos perfurados. que raio de título, pá!
Carlos,
Em termos de pulmões, só prezo os meus e os dos que para mim têm algum significado (e, eventualmente, daqueles que aparentem zelar pelos seus).
De resto, sou grande apologista da aprendizagem por reforço: o rapazinho estava lá voluntariamente, a ganhar o dele, e tinha a perfeita noção do risco que estava a correr. Azar. Não temos grande pena.
Aliás, para quem não goste de touradas, como é o meu caso, e que não as quer proibir por decreto, é uma situação com resultados bastante positivos.
"Sou contra."
Eu estou-me nas tintas.
Agora apreciar o sofrimento fisico dum ser humano, independentemente da sua eventual "responsabilidade", nesse sofrimento, como é que o classifica a si em termos de humanidade, por comparação com um apreciador de touradas ?
Isto foi deslize infeliz, ou é isso mesmo que pensa ?
.
Caro Mentat,
Diga-me lá se não gostava de ter visto o Pol Pot (ou outros que tais) na ponta de uma bandarilha...
O "apreciador de touradas" é a exacta mesma pessoa que dá o incentivo para que aconteçam estas situações de "sofrimento humano". Assim como são incentivados os "daredevils", com a diferença de não haver uma terceira entidade envolvida de forma completamente coerciva, num ritual de exploração da morte.
Como tal, se há quem pareça conviver bem com o risco potencial e com as situações desse sofrimento, são os apreciadores de tourada.
Quanto a mim, estou-me bem nas tintas (usando as suas palavras) sobre o que acontece às pessoas no decorrer das suas opções voluntárias. Chame-lhe falta de humanidade, se quiser.
Mas, se calhar, ao lutar para que tais espectáculos sejam erradicados por uma evolução de mentalidades, defendo consequências muito mais benéficas em termos do terminar desse sofrimento do que os "apreciadores de touradas", para os quais esses eventos não são mais que um dano colateral potencial do seu prazer.
"Diga-me lá se não gostava de ter visto o Pol Pot (ou outros que tais) na ponta de uma bandarilha..."
Não, não gostaria, como não procurei ver as imagens do enforcamento do Saddam, apesar de ter ficado bastante satisfeito com o seu destino.
Mas note, eu não sou nenhuma "menina púdica" que não suporta violência.
Pelo contrário sou um apreciador de Rambos e similares, quanto mais inverosimeis e ficticios melhor.
Estou desejoso de ter tempo para ver o 300..., duvido é que tenha tempo...
Quanto às Touradas, eu gosto de ver os forcados e aprecio a arte de alguns toureiros a cavalo.
Nunca me alegro com o sofrimento nem do homem nem do animal.
Incorerência ?
Talvez...
Bom fim de semana.
"Não, não gostaria, como não procurei ver as imagens do enforcamento do Saddam, apesar de ter ficado bastante satisfeito com o seu destino."
Nem um ferrozinho curto? :-)
"Estou desejoso de ter tempo para ver o 300..., duvido é que tenha tempo..."
Vale a pena. Não é nada que vá entrar para a história, mas está muito bem conseguido como blockbuster. E é uma transposição visual praticamente integral da graphic novel. À excepção de um "subplot" mais delicodoce que foi introduzido, e de algumas (poucas) mudanças (a puxar para o romance), no que toca à relação do Leónidas com a rainha.
"Quanto às Touradas, eu gosto de ver os forcados e aprecio a arte de alguns toureiros a cavalo."
Os forcados são os únicos com "eles no sítio" daquela arena e, apesar de tudo, o único combate igual. Contra esses, não tenha nada contra. Pena que estejam inseridos no resto do "festival".
Bom fim-de-semana!
Como diziam os antigos... "só se perderam as que caíram no chão...".
Queria espetar... acabou espetado... como a vida pode ser irónica...
Abraço,
Eu vi o 300 3 vezes e leio a BD desde que saiu pelo menos uma vez por mês. Não regozijo ante o empalamento do sacripanta que protagoniza o instantâneo, mas sempre me pareceu supina cobardia e inqualificável barbárie, além de reles cobardia, a tourada. Não sei se o diga da pega, mas decerto que o direi do toureio munido de quaisquer adereços que desequilibram ainda mais o recontro entre a besta ensandecida e o homem apetrechado da fisiologia e intelecto que sempre terá, mesmo no caso em análise. Agora o Pol Pot e o Louçã, ah isso iam...
Porra, repeti-me.
Concordo com o Carlos. Mesmo não gostando de touradas, gosto menos de tragédias como esta.
Acho que, de um ponto de vista liberal, não faz sentido a defesa legal dos direitos dos animais, pelo menos os que sejam propriedade privada de alguém. - JLP
Por que não? Nem sabia que havia alguma posição liberal sobre o assunto. A mim parece-me que as "moral issues" não são partidarizáveis. Dependem da sensibilidade ética de cada um.
Provado que está que os animais são seres sencientes, há que evitar o tratamento cruel e gratuito que lhes seja dado pelos donos. É isso que a lei de protecção dos animais diz, mas, como todas as leis em Portugal, não passa de uma mera declaração de intenções que não vale o papel em que foi escrita.
De qualquer forma, sou contra a utilização de animais nas touradas, contra os tiros aos pombos ou outro tipo de concursos que façam gala do sofrimento dos animais sem qualquer outro propósito que não o divertimento alarve das pessoas. Não vejo por que razão esta posição seria iliberal. E se a razão fosse o direito de propriedade, ainda assim, tal seria um mau argumento: animais não são coisas em sentido estrito; são seres vivos que mal cabem no conceito de coisa. O direito de propriedade que artificialmente o legislador aceita para a posse de animais terá forçosamente de respeitar as especificidades do "objecto" desse mesmo direito: nomeadamente, o sofrimento (sem qualquer justificação razoável) do bicho.
"Por que não? Nem sabia que havia alguma posição liberal sobre o assunto. A mim parece-me que as "moral issues" não são partidarizáveis. Dependem da sensibilidade ética de cada um."
Tudo bem. Mas já a questão de verter essas "moral issues", que podem interferir com a vontade de quem não as partilhe, em forma de lei, já são outros 500.
A questão, e o entendimento que eu vim a aceitar, foi que não faz sentido que os animais, por si só, sejam titulares de direitos, entre outras coisas porque não foram titulares do processo que criou os ordenamentos constitucionais, numa perspectiva de transferência de poder da esfera individual para o estado.
A partir do momento em que há reconhecimento dos animais como propriedade privada, o poder coercivo sobre estes passa a ter o mesmo enquadramento do resto da propriedade privada. A limitação desse poder é uma ingerência que a maioria das vezes ignora quem teve a responsabilidade de criar esse animal e lhe dar as condições para viver.
Eu sei que não é fácil, e acredita que sou bastante sensível em relação aos animais e ao muito que falta fazer para que as pessoas se consciencializem a tratá-los melhor. Mas não acho que, nesse domínio, o estado tem legitimidade para proibir. Salvaguardando-se, naturalmente, o problema dos animais selvagens.
Ai, ai, tirem a tourada, e não ficam senão badamecos derreados da espinha, a melarem-se pelo Chiado, não era o que dizia o Eça?
Eu não tenho pachorra para discutir a ética do toiro com "anti-aficionados" - a razão desta pessoalíssima opção radica, perdoem-me a franqueza, na absoluta incapacidade e indisponibilidade destes para o fazer com um mínimo de boa-fé. E é pena, é uma conversa que valeria a pena ter. Mas qualquer inquérito crítico exige aprioristicamente um acto de compreensão prévia. Malgré ça, quero comentar umas coisas:
"Aliás, para quem não goste de touradas, como é o meu caso, e que não as quer proibir por decreto, é uma situação com resultados bastante positivos." - JLP
Lamento desiludir-te, mas creio que estás equivocadíssimo. O único efeito positivo destes acontecimentos para quem não goste de touradas é, em casos como o teu, o do mero consolo espiritual. A aficcion não sofre debandadas em massa de sensíveis e floridos espíritos, esbaforidos de choque e pavor por causa destas coisas. Faz parte do mistério. Se o miúdo morrer, que Deus o guarde. Nós cá estaremos para o lembrar - naturalmente, nas praças.
"que o estado alienasse todas as praças de touros públicas, bem como que eliminasse quaisquer incentivos ou transferência de fundos para tudo o que com elas tivesse a ver (nomeadamente obras em recintos, promoção turística...)." - JLP
Completamente de acordo. Principalmente se fizesse o mesmo com todas as outras actividades similares (incluindo a promoção turística tout-court) e, de seguida, tratasse de reverter a poupança para os bolsos dos contribuintes.
Aliás, nesta perspectiva, as corridas de toiros serão, provavelmente, o mais "liberal" dos espectáculos em Portugal
"O direito de propriedade que artificialmente o legislador aceita para a posse de animais terá forçosamente de respeitar as especificidades do "objecto" desse mesmo direito: nomeadamente, o sofrimento (sem qualquer justificação razoável) do bicho." - JB
Se sairmos de entendimentos positivistas, qual o artificialismo do direito de propriedade? O problema com essa tese é que abriria uma autêntica caixa de Pandora. Como definir o sofrimento aceitável? E o que é uma "justificação razoável"? A absoluta subjectividade de classificar um propósito como "divertimento alarve" demonstra as dificuldades em operacionalizar esses conceitos.
Na prática, resultaria em coisa pouco agradável: compelir os indivíduos, utilizando a força, a cumprir com obrigações morais definidas por alguns. E esse seria o melhor dos casos, já que assumo, como hipótese, que todos acordam na aplicação do conceito de obrigação moral ao tratamento dos animais. São os problemas de definir arranjos políticos e direitos por racionalismos no abstracto. Eu acho que há um caminho melhor para justificar a proibição de, por exemplo, espectáculos como a corrida de toiros - recorrendo a uma interpretação mais maleável dos direitos dos individuos (infelizmente para vocês, e no caso concreto das touradas, não dá para aplicar a Portugal).
Finalmente, o título (que não me choca; até me deixa vagamente divertido). Se me entregasse aos prazeres do cinismo, diria que é todo ele uma revelação. Em sete palavras e uma foto - a de um míudo de 14 anos a ser estropiado - descobre-se a plenitude de um pensamento, de uma lógica, de uma filosofia. A do esquerdismo utopista. Toda a atenção à Humanidade, à Causa; o absoluto desprezo pelo homem, pelo concreto. O sacríficio da vida, da pessoa, em prol do progresso, do avanço dos costumes. Faz-me recordar aqueles empedernidos militantes que, sem um piscar de olhos, denunciavam e condenavam à forca pais, filhos ou o vizinho do lado. Sem ironias, é digno de Vargas Llosa.
Em alternativa, e emanando o título da expressão sincera do sentimento do autor, pode ser uma parafilia ou um desses distúrbios neuroemocionais que o Professor Damásio vai descobrindo com pasmosa realidade. Bem, mas antes isso que sofrer de esquerdismo revolucionário. ;)
Esta notícia faz o JLP começar bem o dia??!!
Que nojo!
"Mas qualquer inquérito crítico exige aprioristicamente um acto de compreensão prévia."
Presumo, provavelmente, que esse acto seja o de determinar que o interlocutor também é um do "grupo". O bom do "inquérito" por ausência de diferença.
"Completamente de acordo. Principalmente se fizesse o mesmo com todas as outras actividades similares (incluindo a promoção turística tout-court) e, de seguida, tratasse de reverter a poupança para os bolsos dos contribuintes."
Também completamente de acordo.
"Aliás, nesta perspectiva, as corridas de toiros serão, provavelmente, o mais "liberal" dos espectáculos em Portugal"
Seria, não fosse a gestão municipal de muitas das praças (ou o seu apoio), ou as diversas corridas organizadas (leia-se pagas) por organismos públicos.
"Em sete palavras e uma foto - a de um míudo de 14 anos a ser estropiado - descobre-se a plenitude de um pensamento, de uma lógica, de uma filosofia. A do esquerdismo utopista. Toda a atenção à Humanidade, à Causa; o absoluto desprezo pelo homem, pelo concreto. O sacríficio da vida, da pessoa, em prol do progresso, do avanço dos costumes."
"Faz parte do mistério. Se o miúdo morrer, que Deus o guarde."
Acho que o meu caro se tem que decidir. Enquanto eu vejo a situação que deu origem ao meu artigo como um passo que julgo contribuirá para a sua própria erradicação, o quizzer acha que é um mero preço para manter o "mistério". Enquanto, no decorrer do que acho seria a melhor evolução, tais consequências seriam eliminadas por falta da sua própria motivação, no seu caso (a menos que acredite num salto quântico evolutivo que faça nascer super-homens que estejam imunes a esse risco, o que me parece que o levaria a concordar que a "piada" da coisa acabaria) aceita-as como um dano colateral para que o seu prazer perdure. Deve ser esse o tal de respeito pelo "homem, pelo concreto".
Além disso, está completamente enganado em relação ao "esquerdismo utupista". Releia a minha argumentação. Ao contrário dessa "esquerda utupista", não defendo em nenhum lado que seja feita a apologia da promoção de uma determinada moral "progressista" por via legal. Afinal, esse é o ponto de contacto em termos de método dos "progressistas" e dos "conservadores", com a distinção de que os primeiros acham que a sua visão do futuro é a melhor, e os segundos estão agarrados ao statu quo e ao passado.
De resto, em termos de defesa da "Humanidade" ou da "Causa", muito pouca motivação e crença. Por mim, a causa é a da Liberdade e do individualismo, em que cada um seja o primeiro motor e responsável pelos seus actos.
O que não inviabiliza que não possa tecer as minhas críticas ao comportamento individual dos outros, e possa achar que estão a fazer bem ou mal, de acordo com a minha moral e com o que acho que está correcto.
O Álvaro Cunhal começava bem o dia comendo três criancinhas ao pequeno-almoço.
O JLP começa bem o dia vendo um adolescente ser atravessado pelo corno de um touro.
O fanatismo e a impiedade são similares.
Mas qual preço? A analogia que eu fiz não tem nada a ver com a imposição legal - aliás, o que nunca faltou foram marxistas que não aceitam as imposições legais, e qeu confiam na mudança espontânea do mundo sem necessidade nem conflito ou anarquistas de esquerda.
Eu explico de forma clara: se para o Jairo Miguel sobreviver eu tivesse de abdicar de participar, ou ver, ou sequer ouvir falar em corridas para o resto da minha vida, não hesitaria. Entre a vida do miúdo, ou de outra pessoa qualquer, um vizinho ou um violador, e todas as praças e toiros de lide do mundo, a minha escolha seria sempre a pessoa.
É o clássico dilema do precípicio: optar entre salvar a única edição de todas as obras de Platão ou um assassino. A meu ver, que se lixe Platão.
Já o JLP prefere sacrificar as pessoas se isso lhe for útil. Não se importa que um miúdo morra se isso permitir o avanço e a disseminação das suas inclinações pessoais - e é esse o ponto de contacto. Tal como os utopistas de esquerda (com objectivos últimos e graus diferentes, claro): que se partam os ovos, se isso permitir fazer a omelete.
Nenhum problema: a ética é frequentemente pessoal e dificilmente transmissível.
De resto, lamento o equívoco quanto aos conservadores: no mínimo, confunde-os com reaccionários. É outra conversa, mas sempre fico consciente de que quando voltar a encontrar elogios a Reagan ou Thatcher neste blog tratam-se apenas de ironias sarcásticas.
"A analogia que eu fiz não tem nada a ver com a imposição legal - aliás, o que nunca faltou foram marxistas que não aceitam as imposições legais, e qeu confiam na mudança espontânea do mundo sem necessidade nem conflito ou anarquistas de esquerda."
Acho que a sua mistura de marxismo com jusnaturalismo ou dependência na tradição é, no mínimo, curiosa. Além de, quanto a mim, completamente errada.
Aparentemente, eu espero que as pessoas evoluam. Você, prefere que se espalhe a "Boa Nova", pelos meios que forem necessários.
"A aficcion não sofre debandadas em massa de sensíveis e floridos espíritos, esbaforidos de choque e pavor por causa destas coisas. Faz parte do mistério. Se o miúdo morrer, que Deus o guarde."
"Eu explico de forma clara: se para o Jairo Miguel sobreviver eu tivesse de abdicar de participar, ou ver, ou sequer ouvir falar em corridas para o resto da minha vida, não hesitaria. Entre a vida do miúdo, ou de outra pessoa qualquer, um vizinho ou um violador, e todas as praças e toiros de lide do mundo, a minha escolha seria sempre a pessoa."
Continuo a dizer que tem que se decidir...
"É o clássico dilema do precípicio: optar entre salvar a única edição de todas as obras de Platão ou um assassino. A meu ver, que se lixe Platão."
É a suas opinião, defensável assim como a contrária, e que aceito perfeitamente. Já não concordo que uma ou outra sejam impostam em forma de lei.
"Já o JLP prefere sacrificar as pessoas se isso lhe for útil. (...) que se partam os ovos, se isso permitir fazer a omelete."
Mas quem é que está a falar em "partir ovos"?. Este "ovo" optou de sua livre e exclusiva vontade (e é até bem pago) por andar a brincar ao risco em cima do muro. Não tive nada a ver com o assunto, nem sequer usufruí de algo que o pudesse motivar a continuar. Fruto da sua iniciativa e vontade individual, caiu do muro e partiu-se.
Cry me a river se o Humpty Dumpty caiu do muro.
E se eu ache que o seu exemplo é bom para evitar que mais ovos andem a brincar aos equilibristas e que haja menos que achem piada em assistir ao espectáculo.
"É outra conversa, mas sempre fico consciente de que quando voltar a encontrar elogios a Reagan ou Thatcher neste blog tratam-se apenas de ironias sarcásticas."
Em relação ao Reagan, não deve achar aqui muitos, pelo menos meus. Quanto à Thatcher, fez o que tinha que ser feito na sua época, guiada por princípios que me parecem sólidos em termos liberais. Não foi (naturalmente) perfeita, mas mesmo assim, é digna, quanto a mim, de elogio. Em tempo de guerra fria e de grande pressão contra a liberdade individual conseguiu resistir a agredir essas liberdades. Veja o que a Terceira Via (utilitarista em grande parte) vai fazendo a estas liberdades nos tempos que correm.
Portanto, não tenha dúvidas. Leia os elogios como devem ser lidos.
"Acho que a sua mistura de marxismo com jusnaturalismo ou dependência na tradição é, no mínimo, curiosa. Além de, quanto a mim, completamente errada."
Qual minha mistura? É uma hermenêutica marxista como muitas outras. Eu não tenho nada a ver com isso, apenas a apontei como exemplo - mas isto é completamente lateral, você é que foi buscar, não sei porquê, a questão da imposição legal. Eu sei ler, li que não a defendeu, nunca lhe apontei tal.
"Aparentemente, eu espero que as pessoas evoluam. Você, prefere que se espalhe a "Boa Nova", pelos meios que forem necessários."
Hum? Eu não tenho nada contra que as pessoas evoluam - mesmo que a evolução seja para si uma coisa, para mim outra, e elas evoluam todas no sentido que você defende. Desde que não me obriguem a evoluir da mesma forma, tudo bem. Não faço ideia do que fala quando refere essa "Boa Nova" que eu pretenderei "espalhar".
"É a suas opinião, defensável assim como a contrária, e que aceito perfeitamente. Já não concordo que uma ou outra sejam impostam em forma de lei."
Já não concorda com quem? Eu disse que concordava? Eu até disse que era uma questão de ética pessoal. A única coisa que critiquei (à parte não conseguir perceber porque entende que acidentes como este afastarão pessoas das corridas) foi precisamente esta questão ética. É óbvio que ambas são defensáveis.
"E se eu ache que o seu exemplo é bom para evitar que mais ovos andem a brincar aos equilibristas e que haja menos que achem piada em assistir ao espectáculo."
Ah, agora já percebi. Bem, isso já funcionou mas da maneira que ambos concordamos ser a errada: as touradas estiveram proibidas por decreto real precisamente por essa ordem de razões. Mas nunca, apesar disso, a aficion foi beliscada. Não vejo quaisquer razões para supôr que desta vez funcione (tal como as mortes no alpinismo, nas corridas de carros ou no ciclismo...). Em regra, têm servido para criar mitos.
"Fruto da sua iniciativa e vontade individual, caiu do muro e partiu-se."
Exacto, é isto que nos divide. Não é por alguém ter uma actividade que me desagrada, por inclinação ou razões morais, que eu fico contente com a sua morte porque isso será putativamente prejudicial a essa actividade - sendo que esta não fere as liberdades de ninguém-, fazendo com que as pessoas evoluam de acordo com aquilo que eu defendo ser correcto. É aqui que se sacrifica a defesa do concreto (a vida de uma pessoa) pelo abstracto (a evolução moral ou comportamental das pessoas num determinado sentido).
"Quanto à Thatcher, fez o que tinha que ser feito na sua época"
Claro, era uma conservadora. E o Reagan, não fez o que tinha de ser feito? Não preservou as liberdades individuais? Quem susteve e reverteu a Great Society do LBJ? Nixon ou Carter?
"Veja o que a Terceira Via (utilitarista em grande parte) vai fazendo a estas liberdades nos tempos que correm."
Pois, esses não são conservadores.
Aliás, eu creio que a opção por "lixar Platão" não será um exclusivo dos conservadores.
"Continuo a dizer que tem que se decidir..."
Escapou-me isto. Como não estou certo do que pretende que eu decida, explique-me qual é a sua dúvida: eu deveria deixar de ir a touradas porque com tal poderia contribuir para salvar vidas, é isso?
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