E a novela segue, taco a taco
A justificação dada ontem ao PÚBLICO pelo Ministério do Ensino Superior para explicar por que razão, em 1996, não surge no relatório do Observatório para a Ciência e Ensino Superior (OCES) qualquer licenciado no curso de Engenharia Civil da UnI, que José Sócrates afirma ter concluído nesse ano, é contrariada pelos próprios dados desse estudo.E o siléncio de José Sócrates vai-se tornando insurdecedor.
O Ministério do Ensino Superior alegara que tal se devia ao facto de o relatório Diplomados (1993-2002) não contabilizar os alunos licenciados que haviam sido transferidos de outros estabelecimentos de ensino: ou seja, de acordo com esta explicação, apenas seriam indicados os alunos que haviam iniciado e concluído os seus cursos no mesmo estabelecimento de ensino.
Olhando para os dados do levantamento estatístico percebe-se no entanto que, ao contrário do que refere o ministério, foram somados também casos de alunos que ingressaram na Universidade Independente (UnI) por transferência.
Público Última Hora.
Afinal, às vezes a imprensa que nos leva ao colo, também se pode voltar para nos morder na mão.
Os danos, que poderiam ter sido provavelmente minimizados por uma intervenção rápida, ao estilo que conhecemos, do nosso primeiro, logo no início da divulgação pública do facto (mesmo ignorando a blogosfera, mas usando o tempo até ao facto passar para os jornais para preparar a sua defesa), crescem a olhos vistos.
A perspectiva de que o Público e o Expresso abandonariam o caso, face à acusação pública de "jornalismo de sarjeta" foi, quando muito, ingénua. E vai-se pagando a factura.
A ver vamos aonde toda a questão irá parar. Mas os danos à honorabilidade e à credibilidade pessoal já estão, quanto a mim, feitos. Só resta avaliar a extensão total que vão assumir.
4 comentários:
1) Parece óbvio que Sócrates está a esconder algo: No entanto, tal comportamento, passível de alguma censura moral, não me parece políticamente relevante.
2) Parece também que esta é a paga de algum comportamento politicamente menos correcto da parte de Sócrates. Em particular, no que toca a uma intervenção estatal que resultou na frustração de uma aquisição muito publicitada.
3) Em suma, puro jogo político. Sujo. Como tal, não se me afigura minimamente necessário ou útil alguém tomar partido contra ou a favor do PM.
"Mas os danos à honorabilidade e à credibilidade pessoal já estão, quanto a mim, feitos. Só resta avaliar a extensão total que vão assumir."
Caro JLP
Danos ?... Quais danos ?...
Desculpe que lhe diga JLP, mas você é um lírico,(sem ofensa)...
Uma boa parte dos "engenheiros" daquela faixa etária são do tempo dos "Aptos e Não Aptos" e até do IST há por aí muitos e muito bem "instalados à boca da mangedora"...
Num país que glorifica a "esperteza saloia" em vez do trabalho e do rigor, acha que muita gente se vai preocupar pelo facto do 1º Ministro ser uma "espécie de engenheiro" ?
Desiluda-se.
O "homem" ainda vai sair "por cima", depois disto tudo.
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No Blasfémias já pôem em causa a continuidade de Sócrates à frente do governo. Bem sei que estamos (muito mal) habituados a uma certa italianização da nossa política, mas não faz sentido nenhum estar a promover a queda de mais um governo. Para mais, quando esse governo está longe de ser tão mau como alguns que tivémos. É tempo de deixar cair um assunto que se assemelha ao episódio Mónica Lewinsky.
Concordo com os dois comentários anteriores.
Não há danos nenhuns à imagem de Sócrates, a não ser para quem viva na realidade virtual dos blogues e da imprensa.
Na opinião pública real, a que se mede em eleições, os danos são nulos.
Luís Lavoura
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