Os idiotas úteis

Um dia como outro qualquer, a navegar de forma intrépida pela web (muito por culpa da profissão), depois de esgotada a consulta pelos sites e portais favoritos, e chego à conclusão que a Internet já está a precisar de uma reestruturação, de um mega recycle bin . A rede está caótica. Pejada de páginas desactualizadas, mal concebidas, com conteúdos fracos e mau design. Em suma, a Internet, está anárquica.

Sem querer ferir susceptibilidades, e ciente de que este é um espaço que se quer livre, aberto, democrático, acho que é urgente a criação de uma comissão para estudar formas de reestruturar este enorme colosso que é a Internet.

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Dito isto, considero que está na altura de uma web 2.0. Menos adolescente, mais amadurecida, mais ponderada e, sobretudo, com um sistema de limpeza de conteúdos. Possivelmente, e talvez me arrependa de dizer isto, defendo o regresso da censura, mas desta vez noutro contexto, ao do ciberespaço.

Sandra Gonçalves no Diário Digital, via Maracujá!.

Mais triste do que ouvir qualquer pessoa defender o regresso da censura, é ouvir um jornalista fazer essa mesma defesa. Um jornalista que não compreende o que é liberdade de expressão e que contraria desta forma tudo pelo que muitos seus colegas no passado, alguns com elevadas facturas profissionais e pessoais, lutaram.

Compreende-se o nervosismo do jornalismo tradicional em conviver com as novas formas de liberdade de informação e de expressão. Afinal, é um caminho inevitável que compromete em grande parte as perspectivas tranquilas de carreirismo que muitos alimentavam com esperança, assim como antecipam uma natural perda de poder social que adquiriram à custa do que escreveram (ou deixaram de escrever). Compreende-se mas não se desculpa.

Sem dúvida, há uma grande dificuldade de algum jornalismo "tradicional" em conviver com a WWW e com as novas formas de informar.

Espero sinceramente que a Srª Sandra Gonçalves já tenha caido em si ao reler o que escreveu. Se a liberdade daquilo que escreve está à venda, temos pena, assim como lamentamos que a jornalista entregue de bom ânimo os seus escritos ao lápis da censura. Afinal, não estará concerteza a defender a censura para os "outros" e a achar que vai ela própria ficar imune. Não a tomo como ingénua.

Mas que deixe as vontades de ser controlada para si e não se intrometa nem defenda que se intrometam na liberdade que os outros têm e que valorizam naquilo que escrevem.