2007/03/02

Olha, o Portas falou...



A não perder, os dois artigos que para mim melhor analisaram o regresso já consumado de Paulo Portas (ao primeiro dos quais subtraí a melhor imagem que até ao momento ilustra a história):

Nos últimos tempos, Paulo Portas deve ter voltado a falar com Deus. E Deus terá, como é natural, aconselhado Paulo Portas novamente. E Deus deve-lhe ter dito que talvez fosse boa ideia regressar à liderança do partido. Que talvez fosse boa ideia regressar à liderança do partido porque a contestação ao governo começa agora a sentir-se em força. Que talvez fosse boa ideia regressar porque a oposição está nas ruas da amargura: os líderes do PSD e do CDS-PP deram a cara em momento difícil, e agora olham-se ao espelho e têm a cara velha e gasta. Que talvez fosse boa ideia regressar porque é preciso um messias para por ordem no partido de 7%. Ora, não obstante as credenciais de derrota, Paulo Portas é um messias. Vá-se lá saber porquê, mas um messias. Diz quem sabe.

Vai-vem, de Pedro Santos Cardoso no Dolo Eventual.
Sucede ainda que nesta caminhada táctica, porque é de tacticismo e não de uma verdadeira estratégia que se trata, o caminho de Portas é quase suicida e não se vê que possa ter um final feliz. Faltam-lhe, desde logo, argumentos fortes para justificar a saída e explicar o regresso. Faltam-lhe pessoas, já que tem menos do que quando saiu, altura em que, ao contrário de agora, ninguém no partido o questionava frontalmente. Não tem ideias novas, tendo-se refugiado nas banalidades que todos os políticos dizem, como a necessidade de conhecer o país e as mentalidades dos portugueses. Sobretudo, falta-lhe uma explicação plausível para o facto de reaparecer agora e não depois do seu involuntário sucessor ter ido com o partido a votos em eleições nacionais, ignorando-se, em bom rigor, se lhe poderá ou não ser útil.

Os custos da popularidade, de Rui Albuquerque no Blasfémias.

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