Fidel hostiliza base política de apoio estrangeira
Cuban President Fidel Castro has strongly criticised the use of biofuels by the US, in his first article since undergoing surgery last year.Tanta malta do djambé, da t-shirt do Che e tantos ecologistas de intervenção contra o lobby do pitróil, assim subitamente deixados ao abandono por um dos seus principais faróis políticos.
He said George W Bush's support for the use of food crops in fuel production would cause 3bn deaths from hunger.
BBC News.
É feio. Não é bonito.
Mas, é óbvio, às vezes é preciso um bocado de publicidade paga para sustentar as camisolas vermelhas dos auto-intitulados filhos dilectos, agarrados ao combustível sujo do capitalismo...
7 comentários:
Essa é uma maneira um tanto ou quanto enviesada de ver "a coisa"... O que é certo é que a corrida dos EUA ao milho já fez subir os preços, no México, a valores insuportáveis. Se a moda pega, acredito que haja gente a morrer de fome para que alguém não deixe de andar de carro. O que é, indesmentivelmente, chato, muito chato. Não é?
O JLP goza mas, no fundo, Fidel tem (neste caso) razão.
O facto é que não há terra suficiente para dar de comer, simultaneamente, à humanidade e aos carros.
E é também um facto que nos últimos meses o preço do milho (base da alimentção no México) aumentou brutalmente, em parte devido à procura muito acrescida de que esse cereal é alvo para o transformar em carburante.
Há aqui um problema real: onde vai haver terra para as plantas que dão carburantes? Este é um problema real. Quer seja Fidel a chamar a atenção para ele, ou outra pessoa qualquer.
Luís Lavoura
E como nós nascemos todos ontem, e como Fidel já resolveu há longo tempo o problema da falta de alimentos na sua própria ilha, acreditamos todos sem pestanejar que o senhor está verdadeiramente preocupado com a fome e a desgraça no mundo, que em momento algum lhe passou pela ideia críticar indescriminadamente os Eua.
Mas na verdade ele é que tem toda a razão. Ainda há 15 dias critcou severamente a China e a Índia por serem os grandes responsáveis pelo aumento do consumo de petróleo, ao mesmo tempo que são os (grandes) países mais ineficientes no seu uso.
Estou a ver que, estranhamente, o "camarada" Fidel não está sózinho.
O género de argumentação que o LL e o IAS estão a utilizar não é muito diferente de dizer que os países que plantam, por exemplo, algodão também deveriam erradicar essas culturas e substituí-las por culturas de produtos alimentares. Afinal é terra que está "mal ocupada", quando há tanta gente com fome no Mundo e tantos insensíveis que andam por aí mais preocupados em ter uma t-shirt de algodão do Che do que em saberem que a fome na índia é satisfeita.
Este problema deve ser resolvido pelo equilíbrio da oferta e da procura. Se não houvesse maior pressão da procura do lado dos combustíveis do que do lado do milho, ou de outros produtos interessantes para a produção de biocombustíveis, este efeito não existia. O facto de estar a haver um aumento de preço do milho no México, por exemplo, só quer dizer que há mais à procura de alternativas ao petróleo do que de comida.
Se a procura for externa ao México, só quer dizer que há mais divisas a entrar no país, via o valor acrescentado da nova utilização do milho, contribuindo para uma prosperidade do país.
A mudança é sim muito bem vinda, essencialmente porque está a comprometer dois cartéis, forçando-os a concorrer entre si: o do petróleo, e o estabelecido na generalidade dos países desenvolvidos à custa dos subsídios agrícolas e à política de preços tabelados.
Além de que confere aos países pobres de África, que nem têm autonomia energética nem conseguem penetrar com os produtos agrículas nos mercados proteccionistas desenvolvidos, uma solução para simultaneamente resolverem parcialmente os seus problemas energéticos e aumentarem a mais-valia da sua produção agrícola.
Como o JLP deve saber, já houve grandes fomes em certas partes do mundo, nas quais morreram milhões de pessoas, enquanto essas partes do mundo continuavam a exportar comida.
Por exemplo, na Irlanda em 1846-7, os irlandeses não tinham dinheiro para comprar batatas e morriam aos milhões mas, entretanto, a Irlanda continuava a exportar trigo para Inglaterra.
Idem na Bengala em 1943.
Talvez o JLP ache que não há qualquer problema ético ou moral neste tipo de coisas. Eu acho que há.
Se nos EUA começa a haver muitas fábricas para transformar milho em álcool, a procura de milho a nível mundial aumenta, e o preço do milho no mercado mundial sobe. Penso que estamos de acordo nestes factos que, aliás, se têm verificado na prática.
Ora, se o preço do milho sobe, muitos mexicanos pobres deixam de conseguir comprá-lo. E, se não o conseguem comprar, passam fome. Aqui é que está o problema.
Pelo menos, a mim parece-me ser um problema. Ao JLP talvez não pareça.
Não sei qual é a solução para este problema. Não sugiro nenhuma. Mas parece-me haver de facto um problema.
Luís Lavoura
O problema é que, o facto de o México vender o seu milho mais caro aos EUA faz de facto entrar divisas no México e torna esse país mais rico. Mas nem todos os mexicanos saem beneficiados. Alguns saem, de facto, prejudicados.
Um agricultor mexicano que cultiva milho exporta o seu milho para os EUA a alto preço e enriquece. Mas um mexicano pobre que vive na cidade, ganha um salário fixo, e não tem terra para cultivar, vê o preço da sua alimentação subir brutalmente.
No cômputo total, o México pode até estar a sair a ganhar. A longo prazo, até pode ser que todos os mexicanos ganhem com isso. Mas, a curto prazo, há alguns (enfim, bastantes milhões) mexicanos que sofrem bastante.
Mesmo no longo prazo, não é certo que o México saia a ganhar, pois que há a possibilidade real de não haver, objetivamente, terra suficiente para o milho todo que é preciso. No limite, só os detentores de terra que dê para cultivar milho é que saem a ganhar.
Luís Lavoura
http://small-brother.blogspot.com/2007/04/fidel-hostiliza-base-poltica-de-apoio.html "Este problema deve ser resolvido pelo equilíbrio da oferta e da procura." O que quer dizer que, enquanto houver alguém a oferecer mais dinheiro pelo bio-combustível do que o dinheiro oferecido, por outro alguém, pelo alimento que lhe deu origem, vai haver gente a não conseguir comprar alimento. Realmente... Só lhe falta concluir que se todos os que não conseguirem comprar alimento, morrerem à fome, deixa de haver fome.
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