Andar ó milho cum socialista-liberal
"No cômputo total, o México pode até estar a sair a ganhar. A longo prazo, até pode ser que todos os mexicanos ganhem com isso. Mas, a curto prazo, há alguns (enfim, bastantes milhões) mexicanos que sofrem bastante."
Luis Lavoura
Esta é a questão central da lógica social do liberalismo.
Os liberais advogam a existência de uma safety-net sobretudo para que, nos periodos de alteração brusca na "ofertaXprocura", ou até na ocorrência de uma alteração radical numa profissão - por força de um avanço tecnológico por exemplo, as pessoas tenham possibilidade de se recompor emocionalmente, reconverter profissionalmente e reeducar academicamente.
Não para ficarem à sombra da bananeira a lamentar o infortúnio, ou então, na versão portuguesa, a ligar para o forúm tsf, ou participar na manif anti-globalização.
Compreende-se que algumas pessoas equacionem a existência de um problema ético. Mas se estudarmos a problemática (no caso do milho, quase uma mudança de paradigma) caso a caso, pessoa a pessoa, então nunca se fará rigorosamente nada, nem investimento, nem aquisições, nem tão pouco turismo, pois ambientalistas, socialistas ou simples viciados no contra, irão sempre encontrar graves prejuízos neste ou naquele domínio.
A conta, bem feita, tem de se basear no deve e haver. Nos resultados. No outcome.
E sim, há soluções. Diversas soluções.
Desburocratizar a entrada de investidores estrangeiros na produção de milho mexicano.
Reduzir a carga de impostos sobre as empresas mexicanas, de forma a que se encontre algum capital disponível para aumentar o investimento na produção de outros alimentos, ou no aumento da sua distribuição.
Facilitar a associação mutualista de territórios e de pessoas, de forma a que pequenas poupanças possam ser conduzidas para uma produção que estará a aumentar bastante a sua rentabilidade.
Simplificar e acelerar todos os procedimentos acima referidos, de forma a que a diversificação de soluções reduza o espaço de tempo em que o desequilibrio no fornecimento de milho existe.
Canalizar as receitas adicionais de impostos resultantes do aumento do preço pago aos fornecedores, exclusivamente para baixar as taxas aduaneiras e assim se facilitar a entrada e reduzir o custo de outros alimentos importados.
Isto só da parte do estado.
No caso dos empresários há muito mais a dizer.
Mas na verdade, os empreendedores habitualmente só precisam que os políticos saíam da frente. Soluções criativas serão/seriam às dezenas.
1 comentário:
De todas as soluções propostas, falta uma, talvez a mais importante de todas: não produzir etanol a partir de milho.
De facto, a produção de etanol (que é álcool vulgar, daquele que está no vinho) a partir do milho apenas marginalmente é lucrativa do ponto de vista energético. Os números são polémicos, mas, segundo li num The Economist recente, estima-se que o etanol obtido tenha apenas mais 30% de energia do que a que foi empregue paa o obter.
Pelo contrário, a produção de etanol a partir de vegetais como a cana-de-açúcar rende 600% mais energia do que a utilizada no cultivo da cana.
Ou seja, do ponto de vista energético e económico, é um total disparate querer produzir álcool a partir do milho. Fica muito mais barato comprar álcool ao Brasil, que o produz a partir de cana-do-açúcar.
O único motivo pelo qual os EUA (e a UE) estão a apostar no milho, é um motivo protecionista: é uma forma indireta de subsidiar a agricultura nacional.
Portanto, de todas as políticas liberais que o Cirilo elenca, falta só a mais importante de todas: liberalizar a importação de etanol.
Luís Lavoura
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