Sá Carneiro
Hoje marcam-se 26 anos sobre a morte de Francisco Sá Carneiro e Amaro da Costa em Camarate.
Os meus tenros 5 anos à data da sua morte pouco permitiam perceber do que tinha acontecido. Muito menos de que linha política seguia ou deixava de seguir. Mas deixaram-me uma imagem marcada na memória: a imagem de um cortejo fúnebre acompanhado por milhares de pessoas e transmitido em directo por uma transmissão televisiva pesada e solene. Por uma sensação de pesar e de perda colectiva que afectava a generalidade dos que me rodeavam.
Posteriormente, pouco mais foi acrescentado: para além de estar sempre na boca daqueles que fazem sempre questão de acrescentar o "PPD" ao PSD, acompanhado da miragem messiânica e sebastianista de uma reincarnação da AD e de de um eterna "união da Direita", o país tem-se ocupado a descartar a memória daquele que foi um dos seus mais carismáticos primeiro-ministros, que descolou da balburdia de um 25 de Abril ainda fresco. Por cá não somos, ao que parece, adeptos de Olof Palmes ou de JFKs. Aqui, Francisco Sá Carneiro foi metido na gaveta onde foi metida a direita no pós 25 de Abril.
Hoje, a memória de Sá Carneiro, infelizmente, associa-se em grande parte à sina de sermos portugueses. Relembra-nos ciclicamente, de efeméride em efeméride, que vivemos num dito Estado de Direito remetido a um lugar de mera existência formal e que permitiu que o poder legislativo e judicial pactuassem na farsa do processo do apuramento do que verdadeiramente sucedeu naquele dia, farsa que perdura findas quase três décadas.
Ou associado ao facto de, num golpe extraordinário da negra ironia, o nosso estado de homenagens de circunstância optou por perpetuar a sua memória baptizando com o seu nome um aeroporto.
2 comentários:
"... o país tem-se ocupado a descartar a memória daquele que foi um dos seus mais carismáticos primeiro-ministros..."
Caro JLP
Permita-me corrigir :
...daquele que foi o mais carismático primeiro-ministro...
Eu já tinha 22 anos na data da sua morte (aliás feitos no dia anterior) e tive o previlégio de o cumprimentar fugazmente durante uma campanha eleitoral.
FSC era a personificação do carisma e a comparação com JFK seria mais lisongeadora para o último do que para o primeiro.
Não esquecer que vivíamos (em Portugal) um tempo, em que as personalidades se criavam a si próprias e não num estudio de televisão e por uma equipa de acessores de imagem.
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Só não se sabe mais sobre esse assassinato porque algumas das personalidades que se moviam na esfera do poder daquela altura são implicados, coniventes com o assassinato, ou cobardes por não terem vegetais para incriminar os mandantes desse crime contra Portugal.
Só não sabe quem não quer – e ainda há muitos que não querem que se saiba – que morreram pessoas por terem descoberto a verdade sobre Camarate! A verdade tem sido assassinada ininterruptamente desde o dia das mortes.
Assassinar o primeiro-ministro e o ministro da defesa de um pais, eleitos por sufrágio directo e universal, é assassinar a vontade popular de um povo! ABRE OS OLHOS PORTUGAL, ANTES QUE OS FECHES DE VEZ!!!
Consultem a lei de segredo de estado.
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