2006/12/05

Civilização

No seu habitual estilo entre o blasé e o irremediavelmente-do-contra, dizia há pouco Miguel Sousa Tavares no Jornal Nacional:

Num país civilizado, não se tolera a militares, fardados ou não fardados, que se manifestem.

Independentemente da razão concreta que possam (ou não ter) neste caso concreto, e da efectiva configuração constitucional do assunto, esta máxima lapidar, dita em abstracto, para em abstracto ser compreendida, deixou-me perplexa. Num país civilizado, faz-se o quê? Mata-se, prende-se os ditos?

3 comentários:

Flávio Gonçalves disse...

Num país civilizado os militares já tinham era derrubado o governo!

JLP disse...

Caro Flávio Gonçalves,

Curiosa noção de Democracia, a sua...

Anónimo disse...

De facto não compreendo MST.

(1) A liberdade de expressão e de manifestação têm que existir. Os militares são cidadãos como os outros. Lá por terem a profissão que têm, isso não pode suprimir os seus direitos básicos à liberdade e à cidadania.

(2) No meu tempo, a tropa era uma obrigação. Havia objetores de consciência, como eu, mas era uma obrigação de todos os cidadãos. A partir do momento em que se profissionalizou a tropa, os militares passaram a ser profissionais a soldo. Não estão lá por obrigação nem por alto dever patriótico, mas sim porque lhes pagam para isso. Ora, qualquer trabalhador tem o direito de protestar que é mal pago, e o direito de pedir mais. As manifestações de militares em luta pelos seus "direitos" são uma consequência lógica da profissionalização, a qual consequência deveria ter sido prevista desde o início.

Se querem ter militares que não se manifestem, então, antes do mais, comecem por voltar ao sistema antigo, em que os militares o são por obrigação patriótica, em que toda a gente vai à tropa. Se querem o sistema atual, então, aceitem que os militares são trabalhadores como os outros, e que têm direito, como os outros, a lutar por melhores regalias e salários.

Luís Lavoura