2006/10/17

Igualdade II

"A posição das mulheres em Esparta era peculiar. Não eram retraídas como as mulheres respeitáveis do resto da Grécia. Às raparigas era apresentado o mesmo treino físico que era dado aos rapazes; ainda mais assinalável, rapazes e raparigas faziam a sua ginástica juntos, nús. Era desejado (citando do Lycurgus de Plutarco):

que as donzelas endurecessem os seus corpos com o exercício da corrida, da luta, do arremesso da barra, do lançamento do dardo, de modo a que o fruto que venham posteriormente a conceber, alimentando-se de um corpo forte e viçoso, possa melhor despontar e florescer: e que possam, também através da força adquirida dos exercícios, mais facilmente suportar as dores do parto... E assim as donzelas se apresentavam nuas abertamente, apesar de não existir por isso desonestidade vista ou sugerida, sendo todo este desporto cheio de brincadeiras e jogos, sem qualquer infantilidade ou lascívia.
Os homens que não se casassem eram tornados "infames pela lei", e forçados, mesmo no mais rigoroso Inverno, a caminhar erraticamente nús fora do local onde os jovens faziam os seus exercícios e danças.

Às mulheres não era permitido demonstrarem qualquer emoção que não favorecesse ao Estado. Podiam mostrar desprezo por um cobarde, e eram louvadas se ele fosse o seu filho; mas não poderiam demonstrar tristeza se o seu recém-nascido fosse condenado à morte por ser fraco, ou se os seus filhos fossem mortos em combate. Eram consideradas, pelos outros Gregos, como excepcionalmente castas; ao mesmo tempo, uma mulher casada sem filhos não levantaria qualquer objecção se o Estado lhe ordenasse que procurasse outro homem que pudesse ter mais sucesso que o seu marido em a inseminar. A parentalidade era encorajada por lei. De acordo com Aristóteles, o pai de três filhos era isento de serviço militar, e o pai de quatro de todas as suas obrigações para com o Estado."

Bertrand Russell, History of Western Philosophy, com tradução nossa.

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