Vida no deserto
Caro Cirilo,
Entre esta fanática capaz de pôr os cabelos do JLP em pé....
"Londonistan is very much a cri de coeur. But it is not a cry of despair. Phillips advocates an ambitious program to reverse the process that has left Britain uniquely vulnerable to its enemies and uniquely dangerous to its allies. Abolition of wrongheaded human-rights legislation, tougher immigration controls, prosecution of Islamist radicals in special courts, bans on organizations and individual clerics who advocate extremism, close monitoring of mosques as well as of Muslim charities and schools—all of this and more would go far to remove the immediate threat. More problematic, though no less desirable, is Phillips’s call for a restoration of the primacy of indigenous British culture and Judeo-Christian values."
...mais esta fanática:
"The furor caused by her vicious remarks about the 9/11 widows ("I've never seen people enjoying their husbands' deaths so much.") has distracted people from the main topic of her book: evolutionary biology, or rather the pathetic pseudoscientific arguments of its modern fundamentalist challenger, Intelligent Design (ID). This occupies four of Coulter's eleven chapters. Enamored of ID, and unable to fathom a scientific reason why biologists don't buy it, Coulter suggests that scientists are an evil sub-cabal of atheist liberals, a group so addicted to godlessness that they must hide at all costs the awful "truth" that evolution didn't happen. She accuses evolutionists of brainwashing children with phony fossils and made-up "evidence," turning the kids into "Darwiniacs" stripped of all moral (i.e., biblical) grounding and prone to become beasts and genocidal lunatics. To Coulter, biologists are folks who, when not playing with test tubes or warping children's minds, encourage people to have sex with dogs. (I am not making this up.)"
e este fanático, para além de idiota,
http://arrastao.weblog.com.pt/arquivo/2006/09/um_idiota_e_um_idiota
venha o diabo e escolha, porque, sinceramente, o deserto é preferível. Haverá esperança quando aqueles que escrevem um excelente texto como este começarem a condenar uns e outros fanáticos sem qualquer distinção. Espero não ter de esperar 40 anos...:)
7 comentários:
O texto do Helder é muito bom..
Bem... o primeiro até não ia mal até ao parágrafo que transcrevestes. Depois, É só "downhill"... :D
Quanto à Ann Coulter, apesar de firmemente convicto que o problema fundamental dela é (como alguém dizia há tempos) não ter ninguém em casa que a faça feliz, só continua a demonstrar que o marketing agressivo não serve só para vender Morangos com Açúcar.
Quanto ao Daniel Oliveira, fora o síndrome habitual de bom artista português, não deixa de apontar o que começa a ser cada vez mais verdade: a impopularidade do GWB começa a entrar pela direita republicana a dentro. O Scarborough Country, a rubrica da MSNBC de onde é tirado o clip (que já andava para ver há tempos), e nomeadamente o Joe Scarborough que a apresenta, é republicano e ex-deputado do congresso. Quanto à avaliação das qualidades do Bush, deixo à consideração do leitor... ;-)
No que toca ao Helder, sem comentários. Bom artigo, directo ao assunto, como aliás já nos vem habituando.
Caro JB,
obrigado pelo link.
Quanto às duas senhoras. Li os dois livros e posso garantir-lhe que Melanie Phillips não tem nada de fanática. É uma conservadora na linha tradicional britânica. O que faz em "Londonistan" é uma denúncia (ver também Oriana Fallaci), não é uma proposta de políticas alternativas e/ou securitárias. Este extracto parece uma crítica feita por mim a um livro de Chomsky num dia mau. Não significa que concorde com ela em tudo. A "restauration of the primacy of indigenous British culture" mencionada releva das questões postas sobre o que é a "britishness" hoje. Em "The West and the Rest" de Roger Scruton, este explica as dúvidas de Phillips. E as nossas, já agora.
Quanto a Coulter, nos quatro capítulos mencionados, levanta dúvidas legítimas àcerca da teoria da evolução, que como é sabido, está cheia de buracos. No resto, defende soluções reaccionárias para diagnósticos correctos, o que faz toda a diferença para o fanático seguinte, que parte de pressupostos falsos (e ele sabe-o)para defender soluções totalitárias. Chateia-me também o activismo anti-Coulter e gosto das pernas da senhora.
abraço
h
Caro Helder,
"Este extracto parece uma crítica feita por mim a um livro de Chomsky num dia mau."
:-)
Não li ambos os livros. Mas concretamente, e no seguimento da comparação com a Oriana Fallaci, ficam-me muitas dúvidas, dado o sentimento de discordância que me perdura com muito o que tenho visto escrito por ela.
"A "restauration of the primacy of indigenous British culture""
A questão é que eu considero que isso é uma causa perversa à partida. Não sou apologista do multiculturalismo na sua encarnação dominante, mas as pessoas também têm que compreender que a cultura de um país é naturalmente moldada pelos seus habitantes. Não se pode esperar que a entrada massiva de pessoas de culturas exógenas seja completamenete inócua. Nem é sequer indesejável, na medida em que não comprometa, isso sim, valores que são considerados fundamentais nas sociedade ocidentais que os acolhem. É isso que tem que ser clarificado, e não cair em discursos de "preservar a identidade cultural" ou a "natureza judaico-cristã" a todo o custo.
Com o risco de por contrário cairmos em caricaturas (ocorreu-me agora) como o casal de paquistaneses no "Goodness Gracious Me" a querer passar por "cockney" (ou pelo menos indiano) à porta do Country Club, com a politica de entrada de "no pakis".
"Quanto a Coulter, nos quatro capítulos mencionados, levanta dúvidas legítimas àcerca da teoria da evolução, que como é sabido, está cheia de buracos."
Como disse, não li o livro. Mas a perspectiva de querer sequer contrapor a TE (que tem falhas, sem dúvida, e as levantadas serão menos que banalidades) ao ID no campo da Ciéncia parece-me uma causa errada e intelectualmente ferida de morte logo à partida.
Em relação à figura, sinceramente não me ocorrem grandes diferenças (concedo, as pernas, entre outros pormenores!) a um discurso do género do Daniel Oliveira. Quem enterra uma suposta vontade de opinar e de discutir assuntos com seriedade em perfeitas idiotices, agressões gratuitas e na generalidade numa atitude de procurar a polémica por procurar, em busca do "shock factor" que lhe permita ganhar algum tempo de antena e vender mais uns livros, não me merece grande crédito. Independentemente do enquadramento político onde se quer encaixar.
Abraço,
Um activista anti-Coulter ;-)
"Em relação à figura, sinceramente não me ocorrem grandes diferenças (concedo, as pernas, entre outros pormenores!) a um discurso do género do Daniel Oliveira."
Pois, é aqui que a porca torçe o rabo. Sendo verdade que são ambos sectários e reaccionários, as ideias de Coulter e outros do género,não põem em causa valores fundamentais como a vida e a liberdade. Num sistema fascista, Coulter seria opositora garantidamente, quanto mais não seja porque é uma opositora do Big Government e do execssivo poder do Estado. Já o Daniel Oliveira apregoa a receita para a miséria e a opressão. Resumindo uma fanática com pernas é sempre preferível a um fanático totalitário.
Quanto a Fallaci e Phillips, li hoje o texto do João P. Coutinho na Atlântico. Se interpretamos o que as duas escrevem de forma literal, façamo-lo também ao que dizem e escrevem os islamistas. Deixemos de falar por cima deles e prestemos a atenção devida. Parece-me ainda que tanto uma como outra, denunciam e criticam, mais do que propõem.
"A "restauration of the primacy of indigenous British culture""
Aconselho o livro. é muito bom.
http://www.melaniephillips.com/articles-new/?p=447
"as ideias de Coulter e outros do género,não põem em causa valores fundamentais como a vida e a liberdade"
Em relação à vida, concordo (à partida). Em relação à liberdade já tenho as minhas dúvidas.
"Coulter seria opositora garantidamente, quanto mais não seja porque é uma opositora do Big Government e do execssivo poder do Estado."
Eu pessoalmente acho que ela é mais do grupo dos inevitáveis do contra. De quem procura polémica por polémica, ego pessoal e para vender livros. Mesmo se o governo fosse o mais magro e menos gastador, acho que podiamos contar com uma voz a inventar a polémica da semana.
Quam consegue saltar de um discurso de crítica fulgurante à política de segurança e ao islamismo a todo o custo para o ataque asqueroso que fez às viúvas do 9/11, dos que mais sofreram na pele as lacunas que supostamente aponta e acusa, não me parece ter grande ponta por onde se lhe pegue...
O Daniel Oliveira ao menos tem a vantagem que só lhe ligam aqui no "bairrinho" dele! :-)
"Se interpretamos o que as duas escrevem de forma literal, façamo-lo também ao que dizem e escrevem os islamistas."
Sem dúvida. Estamos de acordo.
"Aconselho o livro. é muito bom."
Note taken!
Sobre o artigo aconselhado, só posso reiterar grande parte das minha cautelas e reticências:
"The Bible is the moral code that underpins our civilisation. Yet the logic of the police action against Mr Green surely leads ultimately to the inescapable conclusion that the Bible itself is ‘hate speech’ and must be banned."
O problema não é a Bíblia (fora quanto a mim a afirmação desmensurada de que é a base exclusiva da civilização, sequer, britânica). É o que da sua interpretação se faz por quem a faz. Assim como o problema do Islão não é o Corão. Ambos os livros (e outros religiosos) são pródigos em passagens que levadas à letra ou interpretadas à medida são efectivas ameaças aos valores ocidentais e fontes efectivas de "hate speech". Atribuir essa primazia de "jurisprudência de valores" à Biblia não será muito diferente em gravidade aos países que o fazem com o Islão.
"But Christianity is still the official religion of this country. All its institutions, its history and its culture are suffused with it; Britain would lose its identity, its values and its cohesion without it. But minority rights are now being wielded against it like a wrecking ball."
Se calhar o problema é mesmo esse. De o Reino Unido ainda não ter procedido a uma efectiva e total separação entre o estado e a religião. A sua história poderá ser escrita em grande parte com a participação da religião, mas as pessoas têm que ter a noção dos tempos. O UK de hoje não é o mesmo UK desses tempos, caucasiano e descendente da herança da velha Albion. As pessoas têm que se convencer que a cultura é feita pelo povo de um país. A fundação étnica do povo britânico tem hoje muito pouco a ver com a sua herança histórica. Vamos esperar que sejam inócuos? Que sejam lavados cerebralmente e que lhes seja impingido um formato? Naturalmente que há valores ocidentais que têm que ser preservados, e é aí que deve residir a luta. Os que nos separam da barbárie e que nos identificam como ocidentais. Mas daí a pensar que as morais vão estar cristalizadas no passado...
"Behaviour which was previously considered to transgress the moral norms of the Bible has now instead become the norm — and it is biblical values that are treated as beyond the pale of acceptable behaviour."
Como diria o outro, "habituem-se".
Essas normas morais faziam sentido quando eram unânimes, consensuais e dessiminadas. Hoje já não são. As que a contrariam já nem são sequer, contrariamente ao que é sugerido, uma minoria. Existem imensas zonas do UK em que sim a cultura "tradicional" é que passou ao estatuto de minoritária.
A história é feita (até no domínio do cristianismo) de "transgressões" que se tornaram em "norma", e vice-versa.
Em jeito de conclusão: o que me preocupa muito no UK não é, sinceramente, o problema do fundamentalismo islâmico. Confio que esse seria, se fosse adoptada uma estratégia inteligente, relativamente fácil de debelar a médio, longo prazo.
Preocupam-me sim as mais ou menos recentes tentações securitárias (algumas das quais tenho dado por aqui conta) que se vão multiplicando. E que, apesar de em grande parte se sustentarem nesse alegado fundamentalismo islâmico, vão acabar por afectar muçulmanos e cristãos.
Abraço!
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