2006/09/05

Post ligeiramente longo

Citações de uma noticia encomendada pertinente do DN de ontem.

A taxa de retenção ou insucesso no ensino básico continua a atingir valores inaceitáveis, na ordem dos 11,5%, tendo mesmo regredido em 2005 devido ao impacto negativo dos exames do 9.º ano.

...há uma aposta forte nas provas de aferição. Estes testes, que pretendem avaliar o sistema e não contam para a nota dos alunos...

...invocando que os resultados (dos exames de Química e Física) foram excepcionais e se deviam ao facto de se tratar de programas ainda em fase experimental...
Após um reajustamento curricular do 3 ciclo, um reformulação de programas e áreas vocacionais no secundário, o actual ministério conclui pela:
  • Manutenção de provas que não serve para nada;
  • Alteração das regras de avaliação a meio do jogo;
  • Feitura de experiências em cima de "fases experimentais";
  • Necessidade de histeria na reacção a uns exames que não são comparáveis com nada do que foi feito em Portugal até hoje nem com qualquer critério internacional.
O que nos leva ao seguinte:
A componente curricular (25 horas) do 1.º ciclo passa a ser dedicada em exclusivo às actividades lectivas obrigatórias, como o Português e a Matemática.

A partir deste ano lectivo (o inglês) é uma actividade extracurricular obrigatória em todas as escolas primárias.

O Plano Nacional de Leitura, que arranca este ano lectivo... Pretende criar hábitos e competências de leitura e escrita, sobretudo entre os mais novos. Numa primeira fase centra-se no pré-escolar e no 1.º ciclo...

Os resultados desastrosos (na Matemática) implicam medidas em todos os graus de ensino. Para além da formação contínua de 7000 professores desta disciplina no 1.º ciclo, os 2.º e 3.º ciclos serão este ano alvo de um Plano de Acção para a Matemática. ...um conjunto de metas a atingir e as estratégias necessárias. Desta análise pode resultar a necessidade do reforço dos meios humanos e dos recursos didácticos...

As escolas já tinham professores com preparação para acompanhar alunos com Necessidades Educativas Especiais, mas pela primeira vez foi criado um grupo específico para estes profissionais.

As aulas de substituição, introduzidas no último ano lectivo...

...os trabalhos de casa devem ser feitos na escola, durante os prolongamentos de horário. Maria de Lurdes Rodrigues entende que os TPC são um factor de desigualdade social, nomeadamente no acesso a material de apoio.
Na minha opinião, prepara-se um violento assalto à existência saudável das crianças que vão passar por esta tempestade, nomeadamente as que se situam entre os 4 e os 10 anos.

Todas as medidas apontam para o reforço, o aumento, o estímulo, a ocupação com contéudos "sérios", o maior empenho. Todos os lindos vocábulos que nos acompanham desde o tempo do senhor Roberto Carneiro (20 anos).

Podia rebater um a um todos os pressupostos e falácias de tamanha psicose interventiva, mas não só não escrevo posts longos como não é o objectivo do mesmo.

A nossa classificação internacional (Pisa) está a ser avaliada da seguinte forma: "aí está a correr mal, então toma lá dose a duplicar".

Para quem observe sem paixões, detecta-se uma obssessãozita. Ou não? Estes meninos vão chegar ao ensino facultativo ainda mais fartos desta orgânica.

Tenham medo, muito medo...

P.S:: Impressiona verificar que não há uma iniciativa nem um gasto com alunos razoáveis ou, horror dos horrores, bem sucedidos.
Não é de espantar que alguns possam vir a descobrir que ser preguiçoso faz bem ao ego.

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