O glorioso mercado "aberto" II
Os mesmos que hoje vão vivendo na ilusão de fornecimento de energia em que os grandes consumidores têm a sua tarifa subsidiada pelo estado (ou seja, em que todos os contribuintes dão uma mãozinha) e os consumidores domésticos têm o aumento da sua tarifa limitado pelo "regulador" ao valor da inflacção (mesmo no suposto "mercado" que hoje se inicia) são os mesmos que vão ficar muito surpreendidos com o aumento da sua factura energética quando este mercado for realmente livre e for pago o efectivo preço de mercado, e que se vão revoltar contra o neo-liberalismo dizendo que afinal os mercados livres só servem para aumentar os preços e não (como é frequentemente anunciado por alguns) para os diminuir. E que também não vão estranhar o facto de os seus impostos não diminuirem, mesmo terminando os subsídios e as ajudinhas.
Lá está, são as perspectivas bizarras da justiça social...
2 comentários:
João, o mercado livre não baixa os preços. O mercado livre faz corresponder ao produto o exacto preço de produção e fornecimento do bem.
Num mercado subsidiado, porque o exacto preço continua lá, há que recorrer a outros mecanismos para manter os preços baixos, de forma artificial.
Numa perspectiva global, um mercado livre permite uma gestão mais eficaz dos recursos financeiros, a qual potenciará, numa perspectiva global, um melhor nível de vida.
Um abraço,
a.
Adolfo,
Era exactamente a isso que eu me estava a (tentar) referir. Não consegui passar a mensagem.
Estava a falar da perspectiva iludida do consumidor, que "vê" um determinado preço (subsidiado e ineficiente, mas que não é visto como tal por este pelo facto do mecanismo de subsídio não ser transparente) e a quem é "vendida" a ideia de que com a liberalização de um determinado mercado o preço vai baixar, vai reduzir com a concorrência, como se nunca tivesse existido subsídio.
Naturalmente (e ao contrário do que para este seria de esperar, na sua análise imediatista), o preço que vai ser visto por ele, desaparecidos os subsídios, irá aumentar, apesar de a concorrência potenciar que o preço de mercado efectivo do bem seja globalmente mais baixo.
A questão é que o consumidor só vê geralmente (erradamente) o dinheiro que lhe sai da carteira para pagar o bem, mas esquece-se do que lhe sai da carteira em impostos que vão mascarar exactamente o preço que paga por esse bem. E não se lembra também de perguntar ao estado quando o mercado é finalmente liberalizado porque e que este não lhe baixa os impostos, uma vez que desapareceram os encargos que este tinha com os subsídios.
Espero que tenha melhor esclarecido o meu ponto de vista,
Abraço e bom trabalho com a tese! ;-)
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