Do mesmo autor de "Economics for dummies"
(a propósito deste post e a discussão que se gerou na caixa de comentários.)
Numa pequena comunidade existem 100 indivíduos activos. Nessa mesma comunidade existe uma pequena empresa, único empregador. Num período de expansão económica essa empresa necessita de 100 trabalhadores, num período de recessão, apenas 50. Consideremos 3 situações:
i) Existe flexibilidade total no mercado trabalho.
ii) O mercado de trabalho é rígido e os gestores da empresa conseguem antecipar os ciclos.
iii) O mercado de trabalho é rígido e os gestores da empresa não conseguem antecipar os ciclos.
O que acontecerá à taxa de desemprego em cada um dos casos?
i) No período de expansão a empresa contratará os 100 trabalhadores disponíveis. No período recessivo a empresa irá despedir 50 trabalhadores.
Taxa de desemprego na 1ª fase: 0%
Taxa de desemprego na 2ª fase: 50%
ii)No período de expansão, em que necessita de 100 trabalhadores, a empresa prefere contratar apenas 50 e sub-produzir ou pedir que trabalhem horas extra porque sabe que quando chegar o período da recessivo não os poderá despedir.
Taxa de desemprego na 1ª fase: 50%
Taxa de desemprego na 2ª fase: 50%
iii)Não conseguindo antecipar o ciclo recessivo que se aproxima, a empresa contrata 100 pessoas no período de expansão. No período recessivo a empresa, forçada a manter os 100 trabalhadores, vai à falência.
Taxa de desemprego na 1ª fase: 0%
Taxa de desemprego na 2ª fase: 100%
Notas:
- Na situação ii) aqueles que estão desempregados na 2ª fase já o estavam desde a 1ª fase. Ou seja, favorece-se o desemprego de longa duração.
- Na situação iii), se houver uma terceira fase de expansão, a taxa de desemprego continua a ser de 100% porque entretanto se destruiu a única estrutura produtiva.
- Pelo contrário, na situação i), a taxa de desemprego voltará aos 0% numa terceira fase, evitando assim o desemprego de longa duração. Para além disto, os 50% de desempregados numa segunda fase não serão completamente desqualificados porque já tiveram uma experiência de trabalho anterior.
3 comentários:
é uma espécie de tragédia dos anticomuns. Mas eu ainda prefiro ver a flexibilização laboral como uma questão de igualdade à partida. As empresas regem-se pelas regras instituídas (melhores ou piores para elas; melhores ou piores para os outros globalmente), mas não vejo legitimidade nenhuma, a qualquer título e qdo se discute o desemprego, para que quem tem emprego faça uma espécie de lock-in contra tudo e todos.
Aliás é esta a pior facetas dos sindicatos: lutam pelos "direitos" dos que já estão empregados.
Vitor, o pior é que o CPE não foi boicotado pelos sindicatos mas sim pelos jovens estudantes que em princípio estariam interessados na abolição desse "lock-in"...
Bom post Karloos !
Talvez fosse interessante perceber o porquê de tantos intelectuais, sociólogos e os próprios jovens rejeitarem este tipo argumentação que à partida parece irrefutável
este exercício também é o melhor exemplo para demonstrar a necessidade dos sindicatos, pois só um sindicato poderia impedir a empresa de “leiloar” os 50 empregos pelos 100 trabalhadores.
e por isso é que os sindicatos não estão contra o cpe.
quanto maior a instabilidade do emprego, melhor para eles.
Enviar um comentário