Ainda sobre terça-feira
O Presidente fez um discurso manifestamente "à esquerda", centrado na denúncia da desigualdade e da exclusão social e na reinvindicação de acção política em prol da inclusão e da justiça social, expressões que usou pelo menos um dúzia de vezes. Nestes termos, só admira que os sectores mais à direita da AR o tenham aplaudido. Vai ser muito interessante ver a reacção das colunas e blogues neoliberais...A reacção dos blogues e colunas liberais foi, como seria de esperar, pacífica. Cavaco Silva nunca foi visto com particular élan pela generalidade dos liberais, que sempre o viram como uma solução de mal menor em face da concorrência, e como a alternativa possível ao voto em branco ou à abstenção. Eu próprio, que sempre o defendi, não me senti minimamente motivado, mesmo à face de a eleição à primeira vota se apresentar renhida, a perder o meu tempo e a ir colocar o voto na urna, até porque mantenho as minhas ideossincrasias em relação à figura. Os liberais têm muito bem a noção do enquadramento político das medidas que Cavaco tomou quando chefiou o governo, e portanto sabiam bem o que esperar.
Vital Moreira in Causa Nossa
Já maior dificuldade deverão ter em justificar as atitudes do passados e as posições tomadas aqueles que sempre assumiram a postura (ou aceitaram o frete) de demonizar a candidatura de Cavaco Silva. Onde estará agora a credibilidade daqueles que ainda há uns meses clamavam da ameaça de golpes de estado constitucionais, e que para breve viria a escura noite fascista da direita, acompanhada dos problemas em dormir?
Concerteza ainda viremos a ter muitas outras surpresas esclarecedoras quando Cavaco se recandidatar. Eventualmente, quem sabe, com o apoio do Partido Socialista.
2 comentários:
O discurso presidencial foi a 25. Depois disso aconteceu tanto ... a 27, Mário Lino confessou-se um iberista convicto ...na qualidade de ministro, pelo menos assim falou.(Faro de Vigo- 27.4)
E ... eu perplexo com todo este silêncio.
David Oliveira
Caro David Oliveira,
Sinceramente, e restrito à leitura das declarações de Mario Lino que transcreve no seu blog, a coisa não me parece particularmente grave. Apesar de ser defensor da soberania absoluta dos estados, não tenho nada a opôr a projectos transfronteiriços nem a que haja um aprofundamento naquilo que nos une histórica e culturalmente aos nossos vizinhos, respeitado que seja cada um dos países.
Não acho que uma estratégia de costas voltadas e de nacionalismos exacerbados leve a algum lado ou traga benefícios a algum dos dois países.
Arranjasse o ministro dinheiro espanhol para sustentar a totalidade das suas "loucuras" e eu ficaria contente.
Enviar um comentário