O estado é tão nosso amigo III

Na sequência do artigo do LT d'O Insurgente, que alerta para o anunciado aumendo do imposto sobre os produtos petrolíferos em junho próximo, o BrainstormZ no mesmo local meteu-se a fazer contas e concluiu:

Assumindo que um carro gasta, em média, 6,5 litros de gasolina aos 100 km, o preço do litro de combustível de 1,269 euros e uma carga fiscal de 63%, o seu proprietário pagará 8,25 euros por cada 100km percorridos. Destes, 5,20 euros são impostos!

Eu próprio não resistí a prolongar o exercício, e pela análise do Orçamento de Estado para 2005 concluí:

• As receitas estimadas do Imposto sobre os produtos petrolíferos, o Imposto automóvel e os Impostos rodoviários ascenderam a 4,5 mil milhões de euros.
• Esse valor foi superior a 50% do total estimado de receita do IRS (7,9 mil milhões de euros).
• O orçamento do Ministério da Obras Públicas, Transportes e Comunicações (incluindo serviços integrados e autónomos) foi de 981 milhões de euros.

Do apresentado, constata-se que as receitas ligadas ao automóvel (dando "de barato" o IVA que incide sobre os automóveis, sobre os combustiveis e sobre o IA e o próprio ISP) permitiriam financiar em aproximadamente 4,5 vezes a totalidade do orçamento do MOPTC (que lembre-se, não tem só a ver com as rodovias), sendo portanto os automobilistas contribuíntes líquidos do Orçamento de Estado.

Além disso, considerando a densidade de 1 automóvel por cada 2 habitantes e uma população de 10,566,212 habitantes (correspondendo portanto a aproximadamente 5,3 milhões de automóveis), cada automóvel representou em média uma receita de €850 ao estado.

Destas considerações se poderá concluir da verdadeira galinha dos ovos de ouro que o automóvel é para o nosso estado, e também do sentido que fazem as declarações demonizadoras do automóvel de muitas das nossas organizações ambientalistas.