2009/07/23

redistribuição e a indústria musical

Jack White, The White Stripes linchpin (...) has launched a special subscription service. He's doing it because he's unhappy with the way downloading is affecting music experiences.
(BBC, today)

Mais concretamente, diz que a música ficou muito mais barata com a massificação de downloads em detrimento dos suportes físicos como o CD. Ou seja, não ganha tanto como dantes.

Acontece que a história é outra. Na realidade, o volume de negócios em torno da música aumentou1; o que aconteceu foi que o dinheiro foi espalhado por mais pessoas e mais empresas, retirando o que dantes era monopólio das editoras. Para um bom exemplo, há 20 anos atrás não faria grande sentido a Apple (com o iTunes) ter presença neste mercado.

Se me permitem, houve uma espécie de socialização da música. O que não deixa de ser irónico. É que, se há modelo ideológico subjacente à Internet, ele é o liberalismo (muitas vezes em excesso, é certo). Aliás, eu diria mesmo que não seria nunca possível, por via planeada, isto é, por via de um Governo com medidas ad hoc, esta socialização. Ou, se me voltam a permitir, não seria nunca com base em ideários socialistas que isto seria conseguido.

Querem melhor e mais justa redistribuição?
Não há: se é "melhor" não é justa, se é mais "justa", não é melhor.

1 na falta de uma boa referência, que não consegui encontrar em tempo útil, considerar convicção pessoal

3 comentários:

Nuno C disse...

Dizer que o modelo ideológico da Internet é o liberalismo pode ser confuso e dada a carga ideológica da palavra pode ser um bocado forçado.
Se é verdade que as grandes empresas moldam os conteúdos da Internet hoje em dia, também é verdade que muita da estrutura daquilo que hoje é a Internet foi desenvolvida sob financiamento estatal (a ideia de www desenvolvida no CERN é um exemplo) e digamos que as pessoas ligadas às bases do p2p são na sua grande parte mais libertários(dos dois espectros económicos) do que liberais.

vitor jesus disse...

Oi Nuno,

"Dizer que o modelo ideológico da Internet é o liberalismo"... é verdade. Ainda tentei suavizar com o "se há..." mas ficou longe de perfeito. A ideia é dizer que a Internet é, by far, não regulada. E estive para pôr "libertarianismo". :-)

Mas tb é preciso ver que a Internet, ainda que tenha sido financiada pelos Estados (enfim, os US), mesmo assim sempre caiu fora da alçada estatal. É que, no inicio era uma brincadeira entre académicos. Quando deixou de ser, já era tarde demais para impôr regulação. Basta até ver o que se passa na China: eles bem tentam, mas não conseguem mais do que filtrar conteúdos.

Nuno C disse...

Olá,

Sim se for na questão liberal=liberdade entendo, mas o espírito das pessoas tanto da Arpanet como das redes derivadas não é totalmente traduzido a meu ver assim. A meu ver eles estavam fora da alçada do governo mas eram ainda assim submetidos a ele, pois tinham de apresentar resultados.

Existia uma liberdade mais de métodos e ideias(tal como acontecia e acontece com toda a subcultura relacionada com computadores e A.I.), nessa altura valorizavam-se as soluções inovadoras mais eficientes, ainda que o trabalho por ser feito por académicos e entusiastas era suposto ser simples e funcional, sendo que assim nunca foi direccionado para um controlo estrito como a China necessitaria para controlar a rede(ainda que me parece que nunca o conseguiram mais por uma questão de incompetência).

De qualquer modo bom post, só estava a tentar mostrar que dada a carga ideológica que as palavras têm para pessoas fora do contexto tecnológico pode estar confuso.