2007/07/27

A Inquisidora Mor


Há cinco anos, Maria José Morgado causou sensação mediática em larga escala, ao insinuar interesses duvidosos aquando do seu afastamento da Polícia Judiciária em 2002. Bradou aos céus a sua idoneidade, sendo levada ao colo por todos os meios de comunicação social quando publico o seu livro “O Inimigo sem Rosto – Fraude e corrupção em Portugal”. Editado pela D. Quixote (coincidências..). Criou-se uma Imagem de marca. Maria José Morgado adquiriu assim a fama de procuradora incorruptível. A Justiceira do povo, Defensora dos cidadãos honestos e oprimidos é tirada a papel químico do Típico Herói Americano, que luta sozinho e por sua iniciativa em duas frentes: contra o crime (a frente do mal) e contra o próprio sistema, que deveria combater o primeiro. Nesse ambiente de cumplicidade, o Espectador português engoliu a pílula, e consumiu a receita hollywoodesca.

Agora reconciliada com o “sistema” que a exibe como troféu, Maria José Morgado e a sua equipa são usados à exaustão como instrumento de propaganda. Independentemente das intenções idóneas de Maria José Morgado, a sua imagem é objecto de aproveitamento político. As suas capacidades de investigação instrumentalizadas, assim como largos recursos de estado que são desperdiçados a investigar querelas desportivas menores e outros assuntos domésticos. Os escassos quadros da PJ são canalizados em massa para investigar pequeno banditismo clubístico, em detrimento de casos graves que são deixados prescrever.

O combate à corrupção que se avizinhava nada passa na realidade da intromissão Inquisitorial do Estado em módicas querelas de alcoviteiras provincianas, caciques buçais de aldeia, recauchutadores de pneus, e animadores de casas de alterne, que se enganam e deixam intrujar uns pelos outros. Pequenos malandros que aceitam entrar no jogo que eles próprios criaram, em manobras pequenas e tacanhas dignas de um enredo de uma radionovela dos anos 80, que por si nunca mereceriam a atenção do público. Assistimos à mediatização de zangas familiares, com a bênção dos meios de comunicação social a proceder a acareações de irmãs em directo em que o pai de ambas contribui com o seu parecer num tom de justiça salomónica. Um modo vulgar de desviar a atenção com megaprocessos mediáticos, de modo a que os portugueses ignorem os desperdícios, desvios e má gestão de dinheiros públicos em larga escala.

A campeã anti-corrupção deixou-se corromper

1 comentário:

Anónimo disse...

O que significa inquisidora? Favor resp. em augustolsrjr@yahoo.com.br
Grato.
Abraços